quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O TEMPO E O CORAÇÃO


A vida sobrevém numa velocidade intensa. E isso, dá uma sensação de que o tempo é cada vez mais escasso. Dá a sensação que o “TEMPO DO CORAÇÃO” fica cada vez mais longe da “UNIDADE DE MEDIDA DE TEMPO” que tem por base a velocidade de rotação da Terra.

Dito de outra forma, parece que não há tempo pra assimilar os pensamentos e sentimentos, não há tempo para digerir os fatos, entender as mudanças, as perdas e, nem mesmo aproveitar os frutos. As horas engolem o “TEMPO DO AMOR”! Por isso é preciso praticar na arte de persistir em coisas que não são mundanas! Nesse mundo a paixão é mais presente que o amor. É a ordem natural dos sentidos, diante da expectativa de que o prazer do homem contemporâneo está localizada na vontade exagerada do ter, ou de possuir, como condição, ou, requisito indispensável para ser feliz.

E essa sensação de que o tempo é cada vez mais insuficiente, advém dos efeitos implicações do comportamento movido exclusivamente pela paixão. Exemplo disso é um homem entorpecido pela droga, não se vê satisfeito com a porção consumida, muito menos, contente com o tempo que teve para usufruir da substância estupefaciente. Paixões humanas são assim, desejos que podem extrapolar tornando-se anseios insaciáveis, em VONTADES-EXTRAS que começam com uma força devastadora e terminam de uma forma insatisfatória. Contrário das coisas que começam por amor e que terminam também por amor. O grande desafio é transformar aquilo que começou pela paixão, terminar por amor.

Já que a afoiteza de ter, não nos deixa ser. Já que geralmente, por imaturidade e carência optamos começar os episódios da vida pelas vias inseguras da paixão. Façamos um pacto com a força lucida de nossa alma, de tentar transformar o que vem ligeiro, terminar em algo mais sereno, e assimilativo como os sentimentos mansos que surgem quando observamos as coisas sem julgar e ceticamente qualificar. Em outras palavras, façamos da paixão, um desafio moral, um ponto inicial dos anseios de nossa alma. Façamos com que a paixão transforme em amor. Amor este, que não se acaba como a paixão acaba.

Por isso que a calma é uma virtude difícil de ser adquirida nesse mundo que nos fixa num tempo e espaço certo e exato, sendo algo, que no fundo nossa alma ainda rejeita, pois ela é livre e transcendente. A alma ainda apanha muito da pressa que há na rotina dos dias, meses e anos, compondo assim, o tempo da nossa vida aqui na terra. O amor costuma ter o mesmo tempo que a alma tem pra se esclarecer, diante os desafios da evolução moral, num ensaio de perder e ganhar, pra depois compreender, que com o amor você troca o verbo perder, pelo verbo libertar. Isto é, o amor liberta e, a dor aperta. Deve ser por isso que os sábios dizem que a vida no céu, não têm o tempo nem espaço que aqui na terra temos.

E se nossa alma nasceu lá, ela ainda demorará pra se acostumar com a afobação que possui nossos desejos e paixões mundanas.


Caio Dagher